Apetite global por energia aumenta pressão sobre água

Apetite global por energia aumenta pressão sobre água

A produção de energia é responsável por 15% de retirada de água do planeta, número que deve aumentar até 2035 com incremento da demanda energética

FONTE:http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/energia/apetite-global-energia-aumenta-pressao-agua-777601.shtml
Unesco
Os recursos hídricos estão sob pressão para atender a crescente demanda global por energia. O alerta vem de um novo relatório da ONU, lançado na última sexta-feira (21), em Tóquio, por ocasião do Dia Mundial da Água. O documento analisa criticamente a falta de coordenação e planejamento entre os dois domínios, e insta a melhorias para evitar a escassez de energia, o desabastecimento de água e a deterioração dos recursos naturais. 

No total, a produção de energia é responsável por 15% de retirada de água do planeta. Mas esse número está aumentando e, em 2035, o crescimento populacional, a urbanização e o aumento do consumo prometem empurrar o consumo de água para geração de energia até 20%. 

A demanda por energia elétrica deve aumentar em 70% até 2035, com mais de metade deste crescimento vindo da China e da Índia.

Recursos hídricos em declínio já estão afetando muitas partes do mundo e 20% de todos os aquíferos já são considerados sobreexplorados. 

Em 2050, 2,3 bilhões de pessoas estarão vivendo em regiões sujeitas a estresse hídrico severo, especialmente na África do Norte, Central e Sul da Ásia. 

De acordo com o estudo, o desafio de atender a demanda por energia pode muito bem vir às custas dos recursos hídricos. Como a preocupação com o meio ambiente e os impactos sociais das térmicas e das usinas nucleares aumenta, os países estão tentando diversificar suas fontes de energia, visando reduzir a dependência externa e mitigar os efeitos da flutuação dos preços. Mas todos as opções têm seus limites, diz a ONU. 

O cultivo de biocombustíveis, que requer uma grande quantidade de água, aumentou em grande escala desde 2000. Extração de gás de xisto também se espalhou nos últimos anos, particularmente nos Estados Unidos. Mas esta energia fóssil só pode ser extraída através de fraturamento hidráulico, que requer grandes quantidades de água e apresenta o risco de contaminar os lençóis freáticos. 

Fontes de energia renováveis parecem menos prejudicial para o abastecimento de água, sugere o relatório. A hidroeletricidade atualmente atende 16% da demanda de energia em todo o mundo e seu potencial ainda é pouco explorado. No entanto, a construção de barragens pode ter um impacto negativo sobre a biodiversidade e as comunidades humanas. 

Outras energias alternativas estão ganhando terreno. Entre 2000 e 2010, a energia eólica e a energia solar cresceram 27% e 42%, respectivamente, em todo o mundo. Mas, embora essas tecnologias exijam muito pouca água, eles fornecem energia de forma intermitente e precisa ser combinado com outras fontes que não necessitam de água. 

Assim, pondera o relatório, apesar dos progressos na área das energias renováveis, o combustível fóssil deve manter a sua liderança nos próximos anos. Pelas previsões da Agência Internacional de Energia, os combustíveis fósseis devem manter sua liderança na matriz mundial até 2035, seguido das energias renováveis. 

COMO ENFRENTAR O DESAFIO DA ENERGIA O relatório destaca a necessidade de coordenar as políticas de água e de gestão de energia para enfrentar os desafios futuros. Isto inclui a revisão de práticas de preços para garantir que a água e a energia são vendidas a preços que reflitam seu custo real e impacto ambiental com mais precisão. 

Sistemas que permitem a produção combinada de água e energia elétrica, provavelmente serão a chave para o futuro, diz o estudo. 

É o caso das usinas de Fujairah, nos Emirados Árabes Unidos, e Shoaiba, na Arábia Saudita, que servem tanto para a dessalinização da água do mar como para a produção de energia. 

Outa solução que vem ganhando força é reciclagem de água para geração de energia. A matéria orgânica serve para a produção de biogás rico em metano. 

No Chile, a central de Farafana trata 50% do esgoto de Santiago e produz perto de 24 milhões de metros cúbicos de biogás. Cem mil moradores usam essa energia, em vez de gás natural. 

Em Estocolmo, na Suécia, carros e táxis usam biogás produzido a partir de águas residuais. O interesse por esta tecnologia também está crescendo em países em desenvolvimento. 

ÁGUA E ENERGIA: UMA RELAÇÃO DELICADA 
O relatório mostra que os lugares onde as pessoas não têm acesso adequado à água coincidem, em grande parte, com aqueles onde as pessoas não têm energia elétrica, evidenciando o quão interligados são esses dois setores. 

Em pleno século 21, 768 milhões de pessoas no mundo ainda não têm acesso a uma fonte de água tratada, 2,5 bilhões de pessoas não têm saneamento adequado, enquanto 1,3 bilhão de pessoas não possuem acesso a energia elétrica. 

A coleta, o transporte e o tratamento de água necessitam de energia, enquanto a água é utilizada na produção de energia e para a extração de combustíveis fósseis. Usinas de geração elétrica, que produzem 80% da eletricidade no mundo, utilizam grandes quantidades de água para o processo de resfriamento. 

Segundo a ONU, essas relações evidenciam que as escolhas estratégicas feitas em um domínio têm repercussões sobre o outro.

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Na África, protótipo de escola não deixa educação parar

Na África, protótipo de escola não deixa educação parar

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Nigéria tem uma vila chamada Makoko – perto de Lagos, a segunda maior cidade do país – onde moram cerca de 100 mil pessoas. Em determinados períodos do ano, o vilarejo é tomado pela água, o que torna tudo muito difícil – inclusive o acesso à única escola de ensino primário da região, que fica a maior parte do tempo submersa.
escritório de arquitetura NLÉ, fundado pelo nigeriano Kunlé Adeyemi, criou um projeto – e seu protótipo – para driblar a situação: uma escola flutuante. Feita a partir de 256 barris reutilizados e bamboo da região, a escola pode acomodar até 100 estudantes independente do nível da água.
Segundo Kunlé, trata-se de “uma estrutura que se adapta à mudança da maré e a diferentes níveis de água, e não é vulnerável a enchentes e grandes tempestades. Seu design também contempla o uso de energia renovável, a reciclagem de lixo orgânico e a coleta de água da chuva”.
Inicialmente, a ideia do arquiteto é construir uma escola – já que educação aqui é prioridade! -, mas seu projeto pode prestar outros serviços à população, de acordo com a necessidade, como posto de saúde, espaço para convivência social, mercado e etc.
O projeto da NLÉ pode ser aplicado em regiões costeiras da África e outros lugares do mundo que sofrem com falta de infraestrutura. Logo, logo, por conta das mudanças climáticas e doaumento do nível do mar, muita gente do ‘primeiro mundo’ poderá precisar também. É o que revela a segunda parte do 5º Relatório de Clima do IPCC, lançado esta semana.
Se o projeto se espalhar e ganhar força, é assim que a comunidade africana ficará. Muito melhor que a outro foto (mais abaixo), não?
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Fotos: Divulgação