Televisões da LG monitoram o que você está assistindo; sistema funciona como ‘Ibope forçado’

As “smart TVs” da marca LG registram os canais que você está assistindo – e mandam essa informação para a fábrica. A prática foi descoberta por um inglês que resolveu examinar a comunicação de dados entre sua TV e a internet. O monitoramento funciona como uma espécie de “Ibope forçado”, e serve para a LG colocar banners publicitários relevantes no menu da televisão (se você assiste a muitos programas sobre carros, por exemplo, supostamente receberá anúncios de carros). Além dos canais assistidos, a TV também grava os nomes dos arquivos contidos em pendrives que forem conectados a ela – como filmes baixados da internet.
Nas configurações da TV há uma opção, chamada “Collection of watching info” (coleta de informações), que supostamente permite desligar o monitoramento. Só que ela não funciona – a televisão continua monitorando tudo e enviando os dados para a LG. A empresa admitiu o problema, e disse que irá distribuir uma atualização de software para acabar com o monitoramento (as TVs receberão o arquivo via internet).

Conheça o escravo que conseguiu a liberdade enviando a si mesmo pelo correio


Em 1830, enquanto o Brasil, aos poucos, tentava se libertar do regime escravocrata, nos Estados Unidos a segregação racial ainda era muito forte – os norte-americanos só aboliram a escravidão, oficialmente, 33 anos depois.
Foi na década de 30 do século XIX que, com 15 anos, o escravo Henry Brown foi enviado para trabalhar em uma produção de tabaco no estado da Virgínia, nos Estados Unidos. Sua vida mudou quando conheceu uma escrava que trabalhava na plantação vizinha, chamada Nancy. A história dos dois logo se transformou em romance e, depois de um breve noivado, receberam a permissão de seus amos para que se casassem.
henry-box
O retrato de Henry “Box” Brown
Na medida do possível, vivendo uma rotina de trabalho árduo e pouquíssimas recompensas, os dois viveram felizes e tiveram três filhos juntos. Em 1848, quando Nancy estava grávida do quarto filho do casal, Henry recebeu uma notícia que mudaria sua vida: sua mulher e filhos haviam sido vendidos a um comerciante, junto com outros 350 escravos que trabalhavam naquelas lavouras.
As súplicas de Henry para o dono da fazenda em que trabalhava não foram suficientes e ele não pode fazer nada a não ser assistir enquanto sua família era levada para a Carolina do Norte, estado vizinho, na costa leste dos EUA. (Lembra de Django Livre?)
Depois de alguns meses de solidão, Henry decidiu que valia a pena arriscar para conseguir a liberdade – afinal, ele não tinha nada a perder. É ai que entra na história um dos planos de fuga mais imprevisíveis que já existiu: enviar a si mesmo pelo correio.
Para executar a tarefa, ele precisaria de dois cúmplices – um remetente e um destinatário para a aquela correspondência suspeita. Seu destino seria o estado da Filadélfia, também próximo à costa leste americana, mas mais ao norte de onde sua família estava. Ele contou com a ajuda de seus parceiros James Caesar Anthony, um antigo escravo que conseguira a liberdade, e um amigo dele, Samuel Alexander Smith, um simpatizante da causa abolicionista. Ambos entraram em contato com a Sociedade Antiescravista da Filadélfia para que alguém recebesse a correspondência.
Em 23 de março de 1849, o plano entrou em ação: Henry Brown foi colocado em uma caixa de madeira (que media 1 metro x 1 metro x 50 cm) forrada com um pano grosso, da companhia Adam Express Company, com destino à costa do norte dos EUA. A caixa continua os dizeres “produtos têxteis”, e Brown levava consigo apenas alguns biscoitos e um cantil com água.
Foram 27 horas de viagem – passando por carroça, trem e barco a vapor – em que os transportadores não deram muita atenção ao aviso “Este lado para cima”. Antes do amanhecer do dia 25 de março, a “caixa” chegou a seu destino:
henry-box-2
Surpresa!
-Como estão, senhores? – disse, saindo da caixa. Naquele momento, o ex-escravo foi batizado como Henry “Caixa” Brown.
Por causa do êxito do plano, os amigos de Henry tentaram libertar mais escravos “por correio”, mas foram descobertos e condenados a 6 anos de cadeia. Brown se transformou em um símbolo da luta pela abolição dos escravos – mas, em 1850, com a Lei dos Escravos Fugitivos, e o medo de ser enviado de volta ao seu antigo “proprietário”, mudou-se para Londres, de onde continuou trabalhando pela causa abolicionista. Ele nunca chegou a reencontrar sua família, mas casou-se novamente.